terça-feira, 29 de março de 2011

"Eu oro"


" Eu oro Pai, neste momento, para que o Senhor,

com a força do espírito Santo, venha tocar,

neste irmão, nesta irmã, que está triste,

e que de tão amargurado, não se aceita,

e por não se aceitar, não consegue se amar,

e já não se cuida mais, por sentir-se só e

desamparado... Pai querido, toca na alma

ferida, no trauma mais profundo naquele

lugar que só o Senhor sabe onde dói mais,

remove essa "casca" que recobre a ferida mais

dolorosa, e seca de vez essa marca que ainda sangra.



Toca Pai, toca no coração ressecado,

angustiado, de quem já não acredita mais

em si mesmo. Que perdeu as forças de tanto

chorar, que foi abandonado(a) sem motivos,

que foi vítima de injustiça, que não sabe a quem recorrer.



Tu Senhor, é juiz soberano, julga essa causa então,

devolve a esse irmão, a essa irmã, a alegria,

a esperança, o ressurgir do desejo de cuidar-se.

A capacidade de admirar-se e perceber,

que dentro de cada um de nós,

brilha uma chama maior que qualquer dor,

a chama da tua mão, a chama da criação, a chama do amor.



Então, eu oro agora, pelos que querem te

encontrar, pelos que te buscam e não acham,

pelos que tateiam no escuro da mágoa,

os que vagam de hospital em hospital,

sem achar a doença que os consome,

inunda-os agora com o Teu Santo remédio,

o teu poderoso amor.



Assim, saia curado neste dia, todo aquele,

que mesmo não vendo, perceba,

que mesmo não se achando merecedor, sinta,

que a Tua maior grandeza está em reconhecer,

em cada um de nós, mesmo os maiores devedores,

uma chama única, um brilho, que somos amados como o único filho.



Eu oro então, para que agora, o elo seja refeito,

a ligação restabelecida, e em cada um, brilhe a tua luz,

refletindo na face, o doce sorriso do amado Jesus. "

 
Por  Paulo Roberto Gaefke

sábado, 26 de março de 2011

Veja Ed.1884/2004 - A busca pelo Jesus da História - Por Isabela Boscov - Parte IV (última parte)

Muito já se discutiu se Jesus estaria em continuidade com o judaísmo ou em oposição aos padrões sociais e religiosos de sua época. Mas o inglês Christopher Tuckett, professor de estudos do Novo Testamento na Universidade de Oxford, levanta um argumento forte a favor do Jesus radical: o ministério de Cristo se mostrou tão ofensivo para parte de seus contemporâneos que eles o levaram à morte pelo método mais cruel de execução já inventado. Sob essa luz, muito do que Jesus pregou ganha um novo sentido. Tome-se, por exemplo, sua condenação do divórcio. "Todo aquele que se divorciar de sua mulher e desposar outra comete adultério contra a primeira", diz o Evangelho de Marcos. Ora, à primeira vista essa parece ser uma posição conservadora. Mas é preciso reparar que Jesus fala que um homem que toma uma segunda esposa é um adúltero. Na lei judaica, só os homens, e não as mulheres, podiam pedir o divórcio. Nivelando o direito feminino ao masculino, Jesus desfere um golpe contra o androcentrismo, um dos pilares da tradição.

Nesse cenário, até o sacramento do batismo adquire um sentido subversivo. Na época em que Cristo viveu, o único local em que um judeu podia oferecer sacrifícios para purificar-se era o Templo de Jerusalém – caro chegar até lá, caro custear a estada e caro comprar, à entrada do templo, os animais que seriam sacrificados. Na prática, isso equivalia a excluir da redenção, por critérios econômicos, uma parcela da população. O batismo seria, assim, um atalho barato e viável para o poder divino: bastava um banho para limpar-se dos pecados – e bastava esse gesto para minar o monopólio dos sacerdotes sobre a salvação.

Foi isso que o ministério de Jesus fez: solapar de forma sistemática a hierarquia. Quase todas as suas alusões ao Reino de Deus deixam transparecer essa preocupação. Um reino que é das crianças não seria, na Antiguidade, propriamente um reino dos inocentes – e sim daqueles sem poder nem direito de opinião ou escolha. Numa tradução mais correta do grego original, o reino dos pobres viraria o reino dos indigentes, dos indesejados. Nada fala mais alto, entretanto, que a decisão de Jesus de confiar ao seu apóstolo Pedro, e não ao seu irmão Tiago, os rumos de sua Igreja. Num ambiente regrado pelo apadrinhamento, seria natural que os familiares de Jesus se beneficiassem mais de seus dons, sua fama e seu poder crescente. Jesus, porém, preferiu quebrar a espinha aos usos e costumes de seu tempo. Seu reino, de certa forma, não estava no futuro: nesses termos, era já muito presente.

Por mais valioso que seja conhecê-la, a dimensão política de Jesus, entretanto, em nada ajuda a compreender a sua natureza essencial – a divina. É nesse ponto, em que fé e ciência colidem, que começam as questões verdadeiramente insolúveis. A Ressurreição é a passagem mais desafiadora dos Evangelhos para um historiador secular: ela é a chave para o reconhecimento da divindade de Jesus, mas a que menos possibilidade oferece de se encaixar numa perspectiva científica. Francis Watson, professor de exegese do Novo Testamento na Universidade de Aberdeen, na Escócia, argumenta que o problema de não ser possível provar os milagres e a ressurreição de Jesus – nem nunca ter sido possível provar fenômenos semelhantes – não é, em si só, prova em contrário de que tais fatos tenham sucedido. A questão levantada por Francis não é apenas técnica, ou um jogo de palavras. Qualquer tentativa de contar a história de Jesus pondo de lado a confissão de que ele é o Cristo – enfim, o filho de Deus e o próprio Deus – seria equivocada, diz o professor: separar Jesus, a figura histórica, de Cristo, a figura divina, significa desprezar exatamente o fator que confere a ele sua importância absoluta e insuperável. Não importa se se pensa que Jesus é o filho que integra a Santíssima Trindade, que era um profeta como qualquer outro de seu tempo ou que era meramente um lunático que se acreditava o Messias – Jesus será sempre definido como sendo o Cristo ou o não-Cristo. Será sempre definido, em suma, por uma indagação. Assim foi durante sua vida, na Galiléia, quando seus próprios familiares duvidaram de sua origem divina, ou quando os aldeões que o viram expulsar os demônios do corpo de um homem o acusaram de ter esse poder por meio de Belzebu. E assim é hoje: quanto mais se tenta chegar ao Jesus "verdadeiro", mais fé e história se entrelaçam. E mais o mistério se aprofunda. Mistério cuja chave Jesus mesmo produziu, ao afirmar: "Meu reino não é deste mundo".

(fim desta matéria)





sábado, 19 de março de 2011

Veja Ed.1884/2004 - A busca pelo Jesus da História - Por Isabela Boscov - Parte III

Quando se pensa no homem que fundou a maior religião monoteísta do planeta, resistente a 2.000 anos de sismos políticos e sociais, ao crescimento de outras religiões e às cizânias em seu próprio interior, é natural imaginá-lo voltado para nós, transmitindo para as gerações vindouras sua mensagem. Esse Jesus, contudo, é o da teologia. 

De acordo com a historiadora Paula Fredriksen, professora de escritura da Universidade de Boston, para encontrar o Jesus histórico deve-se visualizá-lo de outra forma: de costas para nós, e voltado para os seus contemporâneos e conterrâneos. O problema imediato de Jesus era fazer-se entender por eles, e foi para pessoas como ele próprio que Cristo elaborou seu discurso, ou que os evangelistas escreveram seus relatos. É preciso, então, primeiro entender a Palestina do século I e, em seguida, contrapor a ela os relatos dos Evangelhos – um exercício que pode render frutos surpreendentes.

Diz a máxima – quase sempre verdadeira – que quem escreve a história são os vencedores. Os Evangelhos, porém, são a mais notável exceção a essa regra. Tudo sugere que os relatos de Mateus, Lucas, Marcos e João começaram a ganhar forma na segunda metade do século I, quando o cristianismo ainda era um movimento marginal, que apenas começava a ensaiar o seu passo decisivo – o de transpor a esfera do judaísmo para conquistar os gentios e se alastrar pelo mundo romano. Os Evangelhos estão carregados de marcas dessa trajetória. Eles assinalam, por exemplo, a relutância do romano Pôncio Pilatos em aceitar as acusações do sacerdote judeu Caifás e condenar Jesus à morte. Nas menções a Pilatos que sobreviveram na crônica política da época, contudo, o governador é retratado como um oficial brutal, que se excedia no zelo com que executava prisioneiros a ponto de incomodar Roma. Esse é um dos pontos em que os estudiosos convergem: a maneira como os Evangelhos mitigam a culpa de Pilatos, transferindo-a quase toda para o clero judaico, é uma herança clara do momento que o cristianismo atravessava por volta dos anos 60 e 70, de tentar seduzir Roma e forjar laços com ela. Do ponto de vista de um historiador, portanto, até em suas omissões ou contradições os Evangelhos são um documento historiográfico riquíssimo, repleto de pistas sobre as intenções de Jesus e sobre as tensões políticas a que ele e seus seguidores estavam submetidos. 

Essa tática – a de estudar o que não é dito – é, segundo Paula Fredriksen, útil também no caso do historiador judeu Josefo. O mais ativo cronista da região no século I, Josefo forneceu descrições detalhadas dos acontecimentos políticos e sociais. Mas não menciona fome, impostos escorchantes, violações flagrantes da lei judaica (por parte de Herodes Antipas, rei da Galiléia, ou dos oficiais romanos) nem forte presença de tropas do invasor. Não relata, enfim, turbulências além do normal. O retrato consensual que se tem da região no início do século I é o de uma terra cultivada, muito populosa – outro cronista diz que nunca se andava um dia inteiro sem atravessar uma vila, uma aldeia ou uma cidade –, e que usufruía uma convivência não exatamente harmoniosa, mas também não particularmente tensa, com o poder romano. A Galiléia era já muito romanizada, mas eram os judeus, e não os romanos, que a governavam, frisa Paula Fredriksen. Ou seja, a julgar pelo que narra Josefo, é muito mais lógico que Jesus tenha feito mais oposição a preceitos judaicos do que à dominação romana – o contrário do que dizem, por exemplo, alguns teólogos ligados à Teologia da Libertação, que gostam de ver em Jesus um proto-socialista.
 
O irlandês radicado nos Estados Unidos John Dominic Crossan, professor de estudos bíblicos da Universidade DePaul de Chicago e talvez o mais influente estudioso da área, vai mais fundo nesse panorama da Palestina. Em O Jesus Histórico, Crossan se vale de numerosos trabalhos de colegas seus para reconstruir um retrato minucioso dessa sociedade. E duas características da Palestina – assim como de toda a bacia do Mediterrâneo – são fundamentais para entender Jesus, diz ele. A primeira delas é o código de honra e vergonha, que assegurava à força a lealdade no interior das comunidades. Nesse sistema, famílias e clãs se tornavam pequenos soberanos, com poder de vida e morte sobre seus membros – e ai de quem transgredisse suas regras. Outro traço muito típico do Mediterrâneo, aponta o historiador, é o costume do apadrinhamento: tudo nesse universo dependia de intercessão, de que se pedisse um favor e alguém o concedesse.

Para as pessoas humildes que viviam espremidas entre os sistemas de honra e apadrinhamento, imagina John Dominic Crossan, o desejo de escapar não devia ser pequeno. Mas como alguém pode se subtrair à sociedade? Os cínicos – e a palavra aqui é derivada do grego para "canino", sem o sentido atual – filosofaram uma resposta a essa pergunta: segundo os partidários dessa espécie de contracultura da Antiguidade (que achavam que se devia "latir" contra as injustiças), a pobreza levava à liberdade, que por sua vez levava à realeza – a um homem que é senhor de si mesmo. Não se tratava apenas de teoria. Os cínicos tinham diretrizes práticas em relação à aparência (cabelo comprido, manto e pés descalços), alimentação (tirada de um alforje) e moradia (proporcionada por quem se dispusesse a dar abrigo ao rebelde itinerante). 

No tempo de Cristo, os cínicos eram figuras comuns, e facilmente reconhecíveis por suas vestimentas, seu cajado e suas atitudes. Não eram benquistos pelas autoridades romanas, claro, porque enchiam de idéias as classes menos favorecidas. De certa forma, Jesus se encaixaria no papel de um cínico, diz Crossan – exceto pelo fato de que ele foi bem além da proposta do movimento. Jesus não pregava a auto-suficiência, como os cínicos, mas sim a mais absoluta comensalidade, sem distinções entre homens e mulheres, pobres e ricos, gentios ou judeus, poderosos ou párias. Isso não desagradaria só aos romanos. Enfureceria acima de tudo os adeptos da lei judaica, que nesse momento atravessava uma fase de sectarismo pronunciado. E, como arrisca Crossan, mais desmoralizante e subversivo do que combater uma regra é simplesmente ignorá-la.

(segue)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Veja Ed.1884/2004 - A busca pelo Jesus da História - Por Isabela Boscov - Parte II

O arqueólogo Shimon Gibson mostra a caverna, localizada num kibutz próximo a Jerusalém, que João Batista pode ter usado para ungir seus seguidores. O óleo e a água do sacramento escorreriam por uma abertura na pedra.

A análise da ossada de Yehohanan, localizada em 1968, revela que suas mãos não foram pregadas à cruz: provavelmente, seus braços foram amarrados à trave, enquanto seus pés foram dispostos lateralmente à viga e atravessados por trás, na altura do calcanhar, por um pino de ferro. Como o pino entortou, não foi possível despregar o pé direito de Yehohanan, e sua família teve de enterrá-lo com um pedaço da cruz preso ao osso. Na suposição de o jovem judeu preservado no ossuário servir de modelo para a morte de Jesus Cristo – e ele é o único de que se dispõe –, ele levanta duas questões relevantes. A primeira é que é, sim, possível que Jesus tenha ganho uma sepultura, apesar de não ser esse o costume. A outra é que, se as mãos e os pés de Jesus não foram perfurados por cravos, as chagas com que ele é descrito nos Evangelhos e habitualmente representado não correspondem aos seus ferimentos reais. Essas são meras suposições, claro, e é quase certo que nunca será possível prová-las ou desprová-las. Na tentativa de retraçar os passos de Jesus, historiadores e arqueólogos esbarram continuamente em dilemas semelhantes: as evidências concretas são ínfimas, e por isso mesmo nem se pode descartá-las, nem tomá-las como indícios seguros.

A procura por traços concretos da existência de Jesus é relativamente recente. Começou com os movimentos racionalistas da virada do século XVII para o XVIII, quando ganhou força a idéia de que qualquer dúvida ou mistério poderiam ser desfeitos pela ciência – e, no espírito da época, o objetivo era menos verificar a existência de Jesus e mais negá-la como um mito comparável a tantos outros presentes na Bíblia. Hoje, não há mais como pôr em disputa o fato de que Jesus existiu. Ele é citado, ainda que de passagem, por dois cronistas não-cristãos do período, o judeu Josefo e o romano Tácito. As fontes mais aceitas sobre a trajetória de Jesus – os Evangelhos Sinópticos, de Mateus, Lucas e Marcos – são consistentes com o que se sabe sobre a Palestina do século I, de forma que a chance de serem fruto da imaginação de seus autores é desprezível. Muitas informações podem ser tiradas também das Cartas de Paulo (anteriores aos Evangelhos em sua forma escrita), o mais instruído dos discípulos, e de fontes não-canônicas, especialmente do Evangelho de Tomé, cujo texto integral foi descoberto em 1945 e desde então vem sendo objeto de grande atenção. Ainda que os consensos sobre a trajetória de Jesus sejam frágeis, os historiadores acreditam ser fato que ele tenha sido batizado no Rio Jordão pelo profeta João Batista, que tenha escolhido doze apóstolos, que tenha pregado pela Galiléia – talvez numa missão muito curta, de menos de um ano –, e que tenha sido crucificado, muito provavelmente durante uma Páscoa. Essas certezas, porém, só tornam ainda mais instigante aquilo que não se conhece sobre Jesus, e que vai do prosaico, como a sua aparência física, ao absolutamente cifrado – de que forma ele teria passado os anos de sua adolescência e juventude, sobre os quais nenhuma pista confiável sobreviveu.

Mesmo o local mais sagrado da religião a que Jesus deu origem, a Igreja do Santo Sepulcro – erigida sobre a caverna em que o corpo de Jesus teria sido colocado por José de Arimatéia –, não está a salvo de incertezas. A igreja foi consagrada em 335, a mando do imperador Constantino (que instaurou o cristianismo como religião oficial do Império Romano), quando uma tumba que se acredita ser a de Cristo foi descoberta sob um templo pagão. Se sua descrição e localização conferem com os Evangelhos e a crônica do período, não há, por outro lado, provas arqueológicas que confirmem ser essa a sepultura de Jesus. Muito mais tênue ainda é a ligação que se pretende estabelecer entre Jesus e a seita dos essênios, cujos célebres Manuscritos do Mar Morto foram encontrados no fim da década de 40. Praticantes de um judaísmo ascético e radical, os essênios pareciam ter, conforme os documentos que legaram, muito em comum com o pensamento de Jesus – daí a hipótese de que Cristo tenha passado a juventude com eles. A teoria tem muitos adeptos, e outros tantos detratores. Itzhak Magen e Yuval Peleg, dois arqueólogos israelenses ligados aos órgãos históricos de seu país, argumentaram que um exame mais detido das cavernas de Qumran, onde estavam os manuscritos, sugere que elas funcionavam não como um refúgio de ermitãos, mas talvez como olaria, e que os pergaminhos foram simplesmente levados da biblioteca do templo de Jerusalém para lá, para sua proteção. Não seria, portanto, um lugar de estudo onde um jovem fosse se iniciar.

São remotas as chances de que, algum dia, venham a surgir as evidências diretas que tanto se buscam sobre Jesus. A Palestina era uma província menor, que interessava ao Império Romano apenas na medida em que se situava entre o Egito e a Síria. Menos importância equivale a menos documentos e monumentos – a primeira dificuldade no caminho da arqueologia. O ossuário do sumo sacerdote judeu Caifás, que entregou Jesus ao governador romano Pôncio Pilatos e exigiu sua execução, é dado como genuíno. Mas só há poucas décadas se encontrou uma laje com a inscrição do nome de Pôncio Pilatos. Até autenticar-se esse fragmento de pedra, o nome do governador romano existia apenas na literatura. Escavar em Jerusalém e arredores é, além disso, uma proposição delicada. A cidade vive uma divisão conflituosa entre as três religiões para as quais é sagrada – o cristianismo, o judaísmo e o islamismo –, e expedir uma autorização é uma questão que exige sensatez política e diplomática. Em anos recentes, com o recrudescimento das hostilidades entre israelenses e palestinos, a situação se agravou: das quase cinqüenta grandes escavações em andamento em Israel, apenas quatro continuam em atividade. Não há como garantir a segurança das demais. Finalmente, a região é o paraíso dos caçadores de troféus, que retiram peças de seu contexto para vendê-las – e, assim, eliminam quase todo o seu valor científico –, e dos arqueólogos ambiciosos, que anunciam descobertas bombásticas antes que elas possam ser analisadas por seus pares. Em agosto deste ano, por exemplo, o arqueólogo britânico Shimon Gibson anunciou com grande alarde ter encontrado a suposta caverna de João Batista, localizada no que é hoje um pequeno kibutz. Há indícios de que seguidores de João, ao menos, tenham usado o local, que conta com o que se julga ser uma pia batismal por onde escorreriam o óleo e a água empregados na unção. Qualquer outra hipótese, porém – como a de que João ou mesmo Jesus tenham administrado batismos ali, conforme especula Gibson –, é prematura.

A fé, claro, não precisa de provas que a confirmem, ou não levaria o nome de fé. Não precisa, mas, de alguma forma, sempre as deseja. Os Evangelhos descrevem a relutância de Jesus em fazer milagres, mas deixam entrever sua visão de que, ocasionalmente, esses sinais eram necessários. Conta-se também como, após a Ressurreição, Cristo deixou que o incrédulo São Tomé tocasse suas chagas para comprovar que era ele mesmo, o Filho de Deus, quem estava ali. Desde que o cristianismo começou a se espalhar – e ele se alastrou como um rastilho de pólvora pela Palestina e logo também por todo o mundo romano em suas primeiras décadas –, começaram a surgir também as relíquias: fragmentos da Cruz Verdadeira (que, fossem todos eles autênticos, teria dimensões descomunais), ossos de santos, frascos de sangue e toda uma miríade de testemunhos físicos de que Cristo, seus apóstolos e mártires caminharam sobre a Terra, gerando um culto que poderia muito bem ser caracterizado como fetichismo ou superstição. Na Idade Média, a Igreja muitas vezes se valeu da venda de relíquias e de indulgências como fonte de renda – um comércio que, durante uma visita a Roma, horrorizou o padre Martinho Lutero e acabou servindo como um dos estopins para a Reforma Protestante. Hoje o Vaticano desencoraja esse tipo de apego, ou, quando muito, o tolera, e trata as descobertas de possíveis relíquias com o máximo de circunspecção. Mesmo assim, elas ainda pipocam.

(segue)




terça-feira, 8 de março de 2011

Homenagem ao Dia Internacional da Mulher



Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins. O coração do seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma fazenda faltará.


Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida. Busca lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas mãos.

É como o navio mercante: de longe traz o seu pão. Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua casa e a tarefa às suas servas.

Examina uma herdade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.

Cinge os lombos de força e fortalece os braços.

Prova e vê que é boa sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.

Estende as mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam na roca.

Abre a mão ao aflito; e ao necessitado estende as mãos.

Não temerá por causa da neve, porque toda a sua casa anda forrada de roupa dobrada. Faz para si tapeçaria; de linho fino e de púrpura é a sua veste.

Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com os anciãos da terra.

Faz panos de linho fino, e vende-os, e dá cintas aos mercadores.

A força e a glória são as suas vestes, e ri-se do dia futuro.

Abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.

Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da preguiça.

Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada; como também seu marido, que a louva, dizendo: Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és superior.

Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada.

Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras.


Provérbios: 31v10-31

sexta-feira, 4 de março de 2011

Veja Ed.1884/2004 - A busca pelo Jesus da História - Por Isabela Boscov - Parte I

Cristo foi batizado por João Batista no Rio Jordão, escolheu doze discípulos, pregou pela Galiléia durante menos de um ano e foi crucificado. Mas essas poucas certezas sobre sua vida só tornam ainda mais instigante aquilo que não se sabe – e provavelmente nunca se saberá – sobre ele.


A fé cristã se fortaleceu no decorrer dos últimos vinte séculos não por se constituir em um impecável museu de relíquias capazes de narrar de forma coerente e incontestável a história de Jesus. A fé cristã se enriqueceu da adversidade e construiu uma vigorosa verdade teológica apesar das falhas gritantes dos registros históricos sobre o homem que mandou o apóstolo Pedro construir a sua Igreja. Sua passagem terrestre, no entanto, deitou sobre o tempo histórico marcas muito tênues. Fora os Evangelhos, textos sagrados do cristianismo, a figura de Jesus aparece citada apenas de forma cifrada ou pouco clara em obras escritas dezenas de anos depois de sua morte. Por essa razão, as raras descobertas arqueológicas que iluminam o período histórico de Jesus na Palestina são recebidas com grande curiosidade pelos estudiosos. Há dois anos, foi encontrada uma urna funerária de pedra gravada com a inscrição em aramaico "Tiago, filho de José, irmão de Jesus". Passada a excitação inicial com o que parecia ser a primeira prova não textual da existência física de Jesus, as dúvidas prevaleceram. O fato de a relíquia ter sido removida há muitos séculos da terra, só agora encontrada e não se poder precisar onde andou por tanto tempo contribuiu para que a descoberta não fosse considerada definitiva. O episódio, porém, encerra a lição de que a força da palavra de Jesus independe das provas históricas. Estas, por sua vez, continuarão a ser buscadas com afinco e precisão crescentes.
            
(A ilustração da aparência provável de Jesus, moreno e de cabelos crespos, é muito diversa da iconografia a seu respeito e também da face que aparece no Santo Sudário. Uma reconstituição da crucificação do jovem judeu Yehohanan, cujo esqueleto é o único encontrado até hoje em Jerusalém de alguém submetido a esse tipo de execução.)

O Natal é uma data cristã em que a tradição menos se harmoniza com a história. Jesus não nasceu no ano que dá início à sua era, mas sim algo como seis anos antes – culpa de uma confusão entre os calendários romano e cristão. O local de nascimento de Jesus também é fonte de questionamentos. Ignora-se por que seus pais, Maria e José, que moravam em Nazaré, estariam em Belém no momento do parto. A explicação tradicional, de que teriam retornado à cidade natal de José para um censo, esbarra na falta de registros de alguma grande convocação desse tipo nesses anos. Os romanos, que dominavam a região, faziam censos em seu império para recolher tributos – e a lógica sugere que eles registravam seus contribuintes nos locais em que trabalhavam e residiam. Os Evangelhos de Lucas e Mateus, com pequenas discrepâncias, fazem narração semelhante do nascimento. Até o século XVIII, não havia a preocupação de procurar fatos que comprovassem os Evangelhos. Isso mudou. Diz o teólogo espanhol Julián Carrón: "Desde o início, a Igreja Católica acreditou que os Evangelhos tivessem origem na figura histórica de Jesus, e sempre os considerou testemunhos de fatos acontecidos. Apesar disso, a partir do iluminismo alguns estudiosos começaram a achar que os Evangelhos não tinham valor histórico e que era preciso encontrar outro tipo de correspondência entre eles e os fatos".

Os especialistas discutem livremente a função de proselitismo dos Evangelhos. A própria narração do Natal é interpretada como sendo uma espécie de esforço de propaganda. Belém era a cidade do rei Davi, uma ótima maneira de reforçar, a posteriori, a afirmação de que Jesus era o Messias: ele seria, assim, descendente pela linha paterna de um dos fundadores do judaísmo, e teria nascido na mesma cidade que ele. A estrela de Belém, citada apenas por Mateus, é outro mistério. Nascer no leste, aparecer sobre Jerusalém e então virar-se para o sul, na direção de Belém, como descreve o evangelista, é um comportamento no mínimo estranho para uma estrela. O enigma astronômico há séculos intriga os cientistas. Uma primeira resposta foi aventada em 1604, pelo astrônomo alemão Johannes Kepler. Ao observar uma conjunção de Júpiter, Saturno e Marte, ele calculou que o fenômeno teria ocorrido também em 6 a.C. – o possível ano do nascimento de Jesus –, produzindo impressão semelhante àquela descrita por Mateus. Outros estudiosos acreditam que o evangelista ficou tão encantado com a passagem do cometa Halley, em 66 d.C., que o teria incluído em sua narrativa. E há os que acham que a estrela de Belém não passa de um símbolo, lendário do começo ao fim, da chegada de um rei. "Os astrônomos nunca vão encontrar a verdadeira estrela de Belém, porque ela é produto da nossa imaginação: é a luz que brilha sobre o Cristo criança", diz A.N. Wilson, autor de Jesus: A Life. Atribui-se, ainda, à imaginação dos artistas (e ao eurocentrismo) o aspecto físico com que Jesus passou à história. Os longos cabelos castanho-aloirados, os traços esculpidos e os olhos claros são incongruentes com o biotipo de um palestino do século I. O mais provável é que ele fosse moreno, com olhos escuros e cabelos crespos – bem diferente, portanto, não só do Jesus da iconografia, como da imagem impressa no Sudário que está exposto em Turim, na Itália.

A busca pelo Jesus histórico – como de resto da maioria das investigações materiais da Antiguidade – produz mais dúvidas do que respostas. Nem a morte do Nazareno na cruz, uma das poucas certezas da história, deixa de suscitar interrogações. No mundo greco-romano, não havia desonra maior do que a morte sem sepultura. Um corpo exposto ao tempo, aos olhares de estranhos, às feras e às aves era um insulto público, e significava também a destruição da identidade – um fim sem epitáfio e portanto sem posteridade, uma preocupação suprema da Antiguidade. Por isso, para acrescentar injúria à tortura, os romanos crucificavam os escravos desobedientes e os presos políticos. Mesmo após o condenado expirar, os soldados continuavam a montar guarda: baixar um morto da cruz era um privilégio que exigia súplica, influência ou propina, ou todas as três coisas. Não é de estranhar que, dentre os milhares de pessoas que se calcula terem sido crucificadas nos arredores de Jerusalém durante o domínio romano, um único esqueleto tenha sido encontrado – o de um judeu de seus 20 anos de idade chamado Yehohanan, filho de Hagkol, como consta da inscrição em seu ossuário.

(segue)


30 dicas para Vencer (Em nome de Jesus)

1.Pense da forma como Deus pensa. (1 Coríntios 2:9), O que ninguém viu nem ouviu, e o que jamais alguém pensou que podia acontecer, foi isso que Deus preparou para aqueles que o amam.


2.Desenvolva uma visão de Vitória. (Isaias 43:19) Pois agora vou fazer uma coisa nova, que logo vai acontecer, e, de repente, vocês a verão.


3.Tenha um plano.(Provérbios 16:3). Peça a Deus que ele abençoe seus planos e eles darão certo.


4.Declare o que você busca.(Isaias 45:21).Falem logo e apresentem suas razões, consultem uns aos outros, se quiserem.


5.Permaneça forte mesmo nas adversidades. (Efésios 6:13) Por isso peguem agora a armadura que Deus lhe dá. Assim quando chegar o dia de enfrentarem as forças do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo e, depois de lutarem até o fim, vocês continuarão firmes, sem recuar.


6.Esteja sempre alegre. (Neemias 8:10) Vão agora para casa e façam uma festa. Repartam sua comida e o seu vinho com quem não tiver nada preparado. Este dia é sagrado para o nosso Deus, portanto, não fiquem tristes.


7.Você foi escolhido. (Jeremias 1:5) Antes do seu nascimento, quanto você ainda estava no ventre da sua mãe.


8.Conquiste a vitória. (Filipenses 3:13-14) É claro , irmãos, que eu não penso que já consegui isso. Porém uma coisa eu faço: esqueço aquilo que fica para trás e avanço para o que está a minha frente. Corro direto para a linha de chegada, a fim de conseguir o prêmio da vitória.


9.Tenha a atitude de gratidão.(Efésios 4:29) Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam.


10.Supere os obstáculos. (I Coríntios 16:9) Pois encontrei aqui ótimas oportunidades para um grande e proveitoso trabalho.


11.Declare bênçãos.(Números 6:24-26) Que o SENHOR os abençoe e os guarde, que o SENHOR os trate com bondade e misericórdia. que o SENHOR olhe para vocês com amor e lhes dê a paz.


12.Desenvolva a mentalidade de recuperação. (Joel 2:25-26) Devolverei tudo o que vocês perderam quando eu mandei as enormes nuvens de gafanhotos, que, como exércitos destruíram as colheitas.


13.Mantenha o foco no futuro. (Hebreus 10:35). Portanto, não percam a coragem, pois ela traz uma grande recompensa.


14.Alimente sua fé.(1 João 5:4). Porque todo filho de Deus pode vencer o mundo. Assim, com a nossa fé conseguimos vitória sobre o mundo.


15.Viva para caridade.(Lucas 6:38). Dêem aos outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos.


16. Viva pelo Espírito Santo. (Gálatas 5:16).Quero dizer a vocês o seguinte: deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e não obedeçam aos desejos da natureza humana.


17.Libere o passado (Filipenses 3:13-14) É claro, irmãos, que eu não penso que já consegui isso. Porém uma coisa eu faço: esqueço tudo aquilo que fica para trás e avanço para o que está na minha frente. Corro direto para a linha de chegada a fim de conseguir o prêmio da vitória.


18.Filtre seus pensamentos (Salmos 101:4) Afastarei de mim pensamentos desonestos e não terei nada a ver com a maldade.


19.Fique firme. (Êxodo, 14:13)Não tenham medo. Fiquem firmes e vocês verão que o SENHOR vai salvá-los hoje.


20.Harmonize sua vida. (Sabedoria de Salomão 1:6) A Sabedoria é um espírito que ama a humanidade e ela não perdoa a pessoa que diz blasfêmias. Pois Deus vê os sentimentos mais íntimos de todos, ele conhece bem o que as pessoas pensam.


21. Espere bênçãos. (Salmos 84:12) o SENHOR Deus é a nossa luz e o nosso escudo. Ele ama e honra os que fazem o que é certo e lhes dá tudo o que é bom.


22.Perdoe dores passadas. (Efésios 4:31-32). Abandonem toda a amargura, todo ódio e toda raiva. Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo , perdoou vocês.


23.Cuide de sua imagem. (Provérbios 23:7). Não se mate de trabalhar, tentando ficar rico, nem pense demais nisso.


24.Evite coisas más. (Tiago 3:16-17) Pois onde há inveja e egoísmo, há também confusão e todo tipo de coisas más. A sabedoria que vem do céu ;e antes de tudo pura , e é também pacífica, bondosa e amigável.


25.Descanse e aguarde (Habacuque 2:3). Ainda não chegou o tempo certo para que a visão se cumpra; porém ela se cumprirá sem falta. O tempo certo vai chegar logo, portanto, espere, ainda que pareça demorar, pois a visão virá no momento exato.


26.Espere o melhor de Deus. (Isaias 40:31). Mas os que confiam no SENHOR recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam.


27. Seja você mesmo (Efésios 2:10) Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Jesus Cristo, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.


28. Deixe Deus ser sua defesa. (Hebreus 10:30). O SENHOR julgará o seu povo.


29.Seja vigilante. (Provérbios 4:23). Tenha cuidado com o que você pensa, pois sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.


30.Louve a Deus. (Salmos 44:7-8) não é no meu arco que eu confio, e não é a minha espada que me dá a vitória, pois foste tu que me livras-te dos nossos inimigos e venceste aqueles que nos odeiam. Nós te louvaremos o dia todo; nós te somos gratos para sempre.


Autor desconhecido

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...