quinta-feira, 17 de junho de 2010

A morte de Jesus - Reportagem de VEJA de abril/95

Quem matou? Por quê? Como? Uma volta à Palestina de 1.965 anos atrás, na companhia de respeitados especialistas, com atenção especial ao problema da culpa dos judeus.

Madrugada de quinta para sexta-feira, arredores de Jerusalém, Palestina ocupada. Lá vem ele. Acompanha-o uma turba armada “de espadas e paus”, segundo um dos principais cronistas do evento. Sua vítima o espera, cheia de angústia. Quando os dois se encontrarem, vai se dar a mais desprestigiosa utilização que uma saudação geralmente tida por amistosa já conheceu. O mesmo cronista informa que o homem vinha chegando combinara com a turba: “É aquele que eu beijar. Prendei-o e levai-o bem guardado”. Num beijo se concentrará a torpeza sem nome da traição! Nosso cronista, conhecido apenas por prenome, Marcos, prossegue: “Tão logo chegou, aproximando-se dele, disse: “ Rabi!” E o beijou. Eles lançaram a mão sobre ele e o prenderam.”

Que havia nesse beijo, o mais escandaloso da História do mundo, ocorrido há mais ou menos 1.965 anos com o qual o vil aventureiro chamado Judas entrega Jesus? Ou, para colocar a questão nos termos de um dos maiores especialistas nos evangelhos, o padre americano Raymond E. Brown, “ no nível da História ou da verossimilitude, como se deve entender o beijo de Judas?” Brown responde:

“Se o beijo era uma saudação normal, que podia ser usado por qualquer conhecido, ou numa saudação costumeira entre Jesus e os discípulos, então ele poderia convir à trama daqueles que tinham pago Judas para evitar uma resistência ruidosa e consequentemente ao desejo de Judas de parecer normal. Se não era uma saudação normal, mas um gesto incomum, implicando especial afeição, então Judas era um hipócrita malévolo”.
Em nenhum outro lugar dos evangelhos Jesus e os discípulos são mostrados trocando beijos, mas esse silêncio “pode ser acidental”, escreve Brown. Ele se inclina para a hipótese de que o beijo era uma saudação normal, e Judas o aplicou para não parecer suspeito. Contra essa tese há uma objeção forte: se Judas acabara de estar com Jesus, na última ceia, por que saudá-lo de novo? Mas, conclui Brown, “a freqüência das saudações normais, por exemplo, o aperto de mão, varia grandemente entre os povos; e temos muito pouca idéia de quão freqüentemente os palestinos as trocavam”.

Transcrevem-se aqui as conjeturas sobre o beijo para exemplificar o nível de minúcia a que podem chegar os estudiosos de um texto como o de Marcos. Qualquer texto oferece a possibilidade de discussão. Quanto mais valha a pena, mais fecunda será sua dissecação, seja por que a ótica for - gramatical, literária, histórica, filosófica, sociológica, psicológica, antropológica ou teológica. Ao longo dos últimos vinte séculos, no entanto, nenhum texto foi objeto de tanta dissecação, e tanta discussão, quanto os evangelhos Marcos, Mateus, Lucas e João., os autores canônicos, ou seja “oficiais” da cristandade. E, dentro dos evangelhos, nenhum trecho despertou tanto interesse, tanta emoção e discussão quanto a paixão e a morte de Jesus que os cristãos comemoram a partis de quinta-feira, na Semana Santa.

Não há relato tão longo e detalhado, nos evangelhos. A infância só é abordada por dois evangelistas, Mateus e Lucas, e sumariamente. A parte do ministério de Jesus é uma coleção de pequenos episódios biográficos, milagres e parábolas. Já a paixão tem começo, meio e fim. Cada evangelista apresenta detalhes exclusivos - só Mateus dá conta da morte de Judas, por exemplo, e só João reproduz um longo diálogo entre Jesus e Pilatos. Apesar disso, com ligeiros desvios em João, que é o evangelho mais diferente, há uma seqüência comum delação, prisão, julgamento pelas autoridades religiosas judaicas, julgamento pela autoridade romana, execução e enterro, com episódios de zombaria de Jesus intercalando algumas dessas cenas. Tudo somado, está-se diante de uma peça de insuperável força dramática.

Com o beijo de Judas, estamos entrando nesse universo misterioso. E logo impõe-se a pergunta: o beijo existiu de verdade? Acompanhe-se o raciocínio de um segundo autor, o israelense Haim Cohn. Jesus tomara-se conhecido em Jerusalém, onde tinha entrado triunfalmente, montado num asno. Diariamente estava no Templo, pregando. Então, por que alguém precisaria identificá-lo e entregá-lo? Prossegue Cohn: "A explicação em geral apresentada para tornar plausível a história é a de que os principais sacerdotes tinham muito medo do clamor popular". Por isso, determinaram prendê-lo à noite, e fora da cidade. No entanto, argumenta o autor, o evangelho de Lucas informa que toda noite Jesus ia ao "monte chamado das Oliveiras". O evangelho de João o confirma. As autoridades não precisariam de informante para apanhá-lo. Para Cohn, a história da traição de Judas é "tão improvável, tão incongruente", que merece crédito".

Um terceiro autor, o irlandês radicado nos Estados Unidos, John Dominic Crossan, tem uma posição mitigada. Ele aceita que Jesus tenha tido um seguidor chamado Judas, e que esse seguidor o tenha traído. Mas não aceita a cena do beijo, cuja intenção, a seu ver, é apresentar Judas em cores caricatamente cruéis. Crossan lança uma hipótese: Judas teria sido preso antes de todos, durante uma ação da qual se falará adiante, e teria delatado Jesus.

Judas é o ponto de partida. Este artigo seguirá a paixão e a morte, tendo por baliza três perguntas: quem matou Jesus? por quê? como? Advirta-se de antemão que não há respostas conclusivas. O que se apresentará são as teses dos eruditos. Especificamente, vai-se seguir a trilha de três livros, dos três autores já citados. O primeiro é The Death of the Messiah (A Morte do Messias), um monumental estudo de 1600 páginas e dois volumes lançado no ano passado nos Estados Unidos (Doubleday) pelo padre Raymond Brown, professor da Union Theological Seminary, de Nova York. O segundo é Who Killed Jesus? (Quem Matou Jesus?), que John Dominic Crossan, antigo padre, hoje professor de estudos bíblicos da Universidade DePaul, em Chicago, lançou há poucas semanas, também nos Estados Unidos (HarperSan Francisco), em resposta ao livro de Brown. O terceiro é 0 Julgamento e a Morte de Jesus, de Haim Cohn, um livro de 1967, lançado no ano passado no Brasil (Imago), que apresenta a originalidade de o autor ser judeu e ter ocupado os cargos de procurador-geral e, depois, juiz da Suprema Corte de Israel.

Daquilo que está nos evangelhos, o que realmente aconteceu? Não é à toa que esta é a pergunta mais recorrente, nesta matéria. Tem-se repetido sempre que o cristianismo é uma religião histórica, no sentido de que se apóia não em um deus ou deuses mitológicos, mas numa figura de existência real, que viveu numa determinada parte do globo, num determinado período, e teve sua trajetória condicionada pelas circunstâncias da época e do local. Brown, no entanto, adota uma abordagem que em primeiro lugar investiga o que o evangelista quis exatamente dizer - quais as tradições que inspiraram seu texto e que mensagens ele procura transmitir. Segundo ele, a "obsessão com a história pode constituir uma obstrução ao entendimento dos evangelhos". A intenção dos evangelistas, lembra ele, era evangelizar, e Brown não exclui que, para isso, se tenham utilizado de variados recursos - inclusive a ficção.

Os evangelistas, pessoas que mal se sabe quem são, e onde viveram, não trabalharam com informações de primeira mão. Há um consenso entre os eruditos, hoje, de que seus trabalhos datam de no mínimo quarenta anos depois da morte de Jesus, sendo o mais antigo o de Marcos (escrito por volta do ano 70 a.D.), e o mais novo o de João (cerca de 10 a.D.). Nas narrativas da paixão, os evangelistas incluíram personagens e situações inesquecíveis - as negações de Pedro antes de o galo cantar, os sumos sacerdotes Anãs e Caifás, o bom e o mau ladrão - e uma bomba-relógio. A bomba-relógio são as fortes acusações contra os judeus, tratados como responsáveis pela morte de Jesus. Ela foi estourando com intensidade variada ao longo dos séculos. Na Idade Média, segundo informa o livro de Brown, cultivava-se em Toulouse, na França, uma cerimônia da paixão durante a qual um judeu era trazido à catedral para receber um soco do conde da cidade. Houve práticas mais atrozes, como se sabe.

Crossan escreve: “ O que estava em jogo nas narrativas da paixão no longo curso da história, era o Holocausto judeu.”
A própria figura de Judas tem a ver com o que se está dizendo. Seu nome, nota Brown, é etimologicamente ligado a “judeu”. Na arte, muitas vezes, carregaram-lhe os traços considerados “semitas”. Seu gosto pelo dinheiro foi generalizado para um povo. Santo Agostinho sustentava que, enquanto Pedro representa a Igreja, Judas representa os judeus. A história da Paixão tem duas vítimas, como se mostrará nas páginas seguintes. Jesus é uma. 0 povo judeu é a outra.
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30 dicas para Vencer (Em nome de Jesus)

1.Pense da forma como Deus pensa. (1 Coríntios 2:9), O que ninguém viu nem ouviu, e o que jamais alguém pensou que podia acontecer, foi isso que Deus preparou para aqueles que o amam.


2.Desenvolva uma visão de Vitória. (Isaias 43:19) Pois agora vou fazer uma coisa nova, que logo vai acontecer, e, de repente, vocês a verão.


3.Tenha um plano.(Provérbios 16:3). Peça a Deus que ele abençoe seus planos e eles darão certo.


4.Declare o que você busca.(Isaias 45:21).Falem logo e apresentem suas razões, consultem uns aos outros, se quiserem.


5.Permaneça forte mesmo nas adversidades. (Efésios 6:13) Por isso peguem agora a armadura que Deus lhe dá. Assim quando chegar o dia de enfrentarem as forças do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo e, depois de lutarem até o fim, vocês continuarão firmes, sem recuar.


6.Esteja sempre alegre. (Neemias 8:10) Vão agora para casa e façam uma festa. Repartam sua comida e o seu vinho com quem não tiver nada preparado. Este dia é sagrado para o nosso Deus, portanto, não fiquem tristes.


7.Você foi escolhido. (Jeremias 1:5) Antes do seu nascimento, quanto você ainda estava no ventre da sua mãe.


8.Conquiste a vitória. (Filipenses 3:13-14) É claro , irmãos, que eu não penso que já consegui isso. Porém uma coisa eu faço: esqueço aquilo que fica para trás e avanço para o que está a minha frente. Corro direto para a linha de chegada, a fim de conseguir o prêmio da vitória.


9.Tenha a atitude de gratidão.(Efésios 4:29) Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam.


10.Supere os obstáculos. (I Coríntios 16:9) Pois encontrei aqui ótimas oportunidades para um grande e proveitoso trabalho.


11.Declare bênçãos.(Números 6:24-26) Que o SENHOR os abençoe e os guarde, que o SENHOR os trate com bondade e misericórdia. que o SENHOR olhe para vocês com amor e lhes dê a paz.


12.Desenvolva a mentalidade de recuperação. (Joel 2:25-26) Devolverei tudo o que vocês perderam quando eu mandei as enormes nuvens de gafanhotos, que, como exércitos destruíram as colheitas.


13.Mantenha o foco no futuro. (Hebreus 10:35). Portanto, não percam a coragem, pois ela traz uma grande recompensa.


14.Alimente sua fé.(1 João 5:4). Porque todo filho de Deus pode vencer o mundo. Assim, com a nossa fé conseguimos vitória sobre o mundo.


15.Viva para caridade.(Lucas 6:38). Dêem aos outros, e Deus dará a vocês. Ele será generoso, e as bênçãos que ele lhes dará serão tantas, que vocês não poderão segurá-las nas suas mãos.


16. Viva pelo Espírito Santo. (Gálatas 5:16).Quero dizer a vocês o seguinte: deixem que o Espírito de Deus dirija a vida de vocês e não obedeçam aos desejos da natureza humana.


17.Libere o passado (Filipenses 3:13-14) É claro, irmãos, que eu não penso que já consegui isso. Porém uma coisa eu faço: esqueço tudo aquilo que fica para trás e avanço para o que está na minha frente. Corro direto para a linha de chegada a fim de conseguir o prêmio da vitória.


18.Filtre seus pensamentos (Salmos 101:4) Afastarei de mim pensamentos desonestos e não terei nada a ver com a maldade.


19.Fique firme. (Êxodo, 14:13)Não tenham medo. Fiquem firmes e vocês verão que o SENHOR vai salvá-los hoje.


20.Harmonize sua vida. (Sabedoria de Salomão 1:6) A Sabedoria é um espírito que ama a humanidade e ela não perdoa a pessoa que diz blasfêmias. Pois Deus vê os sentimentos mais íntimos de todos, ele conhece bem o que as pessoas pensam.


21. Espere bênçãos. (Salmos 84:12) o SENHOR Deus é a nossa luz e o nosso escudo. Ele ama e honra os que fazem o que é certo e lhes dá tudo o que é bom.


22.Perdoe dores passadas. (Efésios 4:31-32). Abandonem toda a amargura, todo ódio e toda raiva. Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo , perdoou vocês.


23.Cuide de sua imagem. (Provérbios 23:7). Não se mate de trabalhar, tentando ficar rico, nem pense demais nisso.


24.Evite coisas más. (Tiago 3:16-17) Pois onde há inveja e egoísmo, há também confusão e todo tipo de coisas más. A sabedoria que vem do céu ;e antes de tudo pura , e é também pacífica, bondosa e amigável.


25.Descanse e aguarde (Habacuque 2:3). Ainda não chegou o tempo certo para que a visão se cumpra; porém ela se cumprirá sem falta. O tempo certo vai chegar logo, portanto, espere, ainda que pareça demorar, pois a visão virá no momento exato.


26.Espere o melhor de Deus. (Isaias 40:31). Mas os que confiam no SENHOR recebem sempre novas forças. Voam nas alturas como águias, correm e não perdem as forças, andam e não se cansam.


27. Seja você mesmo (Efésios 2:10) Pois foi Deus quem nos fez o que somos agora; em nossa união com Jesus Cristo, ele nos criou para que fizéssemos as boas obras que ele já havia preparado para nós.


28. Deixe Deus ser sua defesa. (Hebreus 10:30). O SENHOR julgará o seu povo.


29.Seja vigilante. (Provérbios 4:23). Tenha cuidado com o que você pensa, pois sua vida é dirigida pelos seus pensamentos.


30.Louve a Deus. (Salmos 44:7-8) não é no meu arco que eu confio, e não é a minha espada que me dá a vitória, pois foste tu que me livras-te dos nossos inimigos e venceste aqueles que nos odeiam. Nós te louvaremos o dia todo; nós te somos gratos para sempre.


Autor desconhecido

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